E under Nordstjernen, perguntam-me se consigo explicar porque é que um quarto dos noruegueses e um quinto das norueguesas consideram o futebol mais importante que a sua relação.
Não consigo.
Mas deve-se dizer que, mais que fanáticos do futebol norueguês - que há poucos - eles são fanáticos pelo futebol inglês. Até existe uma associação de adeptos escandinavos do Manchester City. As rivalidades entre adeptos do Manchester United e do Liverpool _na Noruega_ não ficam abaixo das rivalidades entre os chamados três grandes portugueses (o Porto, o Sporting e o Boavista). É pena que a deliciosa comédia United seja um daqueles filmes que nunca será exibido em Portugal, nem sequer pela RTP2 às 3 da manhã de uma quarta-feira. Por isso, acredito que o motivo reside mais no fanatismo pelo futebol do que na irrelevância das relações interpessoais. O motivo, alegadamente, é que o campeonato inglês era o único desporto não-invernal apresentado na televisão durante os meses de inverno (i.e., cerca de cinco meses por ano).
Quanto ao futebol norueguês, o segredo do sucesso do Rosenborg é simples. Foram campões, tornaram-se com alguma sorte a primeira equipa norueguesa a chegar a Liga dos Campeões, ganharam uns trocos com uns empates e um vitória ou outra, e tornaram-se muito mais ricos que toda a oposição, que tem vindo a ser regularmente esmagada nos últimos 12 anos, e desprovida dos melhores jogadores que preferem jogar no Rosenborg a serem carteiros em Haugesund (há muito poucos profissionais no futebol). Note-se que nenhuma equipa dinamarquesa ou sueca consegui chegar à fase de grupos, onde se ganham os grandes $, e nenhuma deles tem o domínio interno que o Rosenborg adquiriu.
Já a nível de selecção, a Noruega tem poucos sucessos para apresentar - nada como o título europeu da Dinamarca em 1992 ou o terceiro lugar no Mundial de 1994 obtido pela Suécia - mas o penalti que deu a vitória por 2-1 na fase de grupos frente ao Brasil em 1998 foi mesmo penalti. Isso não quer dizer que a selecção não seja entusiasticamente apoiada - mas quando foi eliminada nos play-offs com a Espanha em novembro passado, a frase que eu mais ouvi foi "a jogar tão mal, também não mereciam ir ao Europeu". O que, confessemos, era verdade. Só não sei se não será também aplicável a selecção do Madaíl.
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