Vivendo num local diferentes daquele onde crescemos, há aqueles pequenos detalhes que são diferentes, que os locais consideram perfeitamente normais apesar de nós ficarmos mais ou menos embasbacados com eles- e ao quais nós nos habituamos- ou não.

Primeiro, os estranhos horários das refeições: almoço às 11:30h, jantar às 17:00h, uma ceiazita por volta das 21:00h. Na realidade, como o horário de trabalho aqui é mais lógico (8:00 às 16:00, com meia hora para o almoço, e não, a conversa das 40 horas não passa por aqui), um jantar às 17:00h dá-nos bastante mais liberdade para usar o nosso tempo, permite uma vida mais calma, e faz as pessoas viverem mais tempo.

Outra coisa é beber café sem açúcar. No entanto, aqui o café consiste basicamente em água quente- afinal, quando se vem da rua com 15 graus negativos, água quente serve. O meu grau de habituação a isto é mediano- mas foi aqui que comecei a beber café sem açúcar.

E por fim, toda a gente tem um par de calçado extra no seu local de trabalho, e a primeira coisa que faz quando chega é trocar de calçado. E se pensarmos bem, é perfeitamente lógico- o tempo exige um calçado forte para enfrentar as intempéries, que está longe de ser o ideal para alguem que trabalha num escritório. O meu grau de habituação a isto é completo ao ponto de eu o praticar nos meses de inverno quando trabalhava em Braga. O que a mim não apanharão a fazer é usar sandálias com meias, como tantos noruegueses.

Olavo vs. Santana

O meu post em que comparei o palhaço incompetente do nosso primeiro-ministro (e não, não me refiro ao Bondevik) com o rei Olavo inspirou-me a produzir esta tabela, para que também se possam apreciar as diferenças.

Rei Olavo	Palhaço Incompetente do Santana Lopes
Desde muito novo que se sabia que ia ser chefe de estado	Nunca na vida se pensou que o tipo ia chegar a chefe de governo
Era muito popular	Coligou-se com o Partido Popular
Opôs-se ferozmente aos fascistas	Coligou-se com o Partido Popular
Dizia que tinha quatro milhões de guarda-costas	Bastam-lhe 16
Chegou ao cargo sem eleições	Também
Cumpriu o seu mandato até ao fim	Não sabe o que é um mandato
O seu antecessor também cumpriu o mandato até ao fim	O seu antecessor fugiu para Bruxelas e deixou-nos este palhaço
Quando era rei, o Eanes visitou a Noruega	Faz-nos ter vontade de imigrarmos todos para a Noruega
Não era criticado	Não quer ser criticado
Practicava desporto, e chegar a competir nos Jogos Olímpicos	Foi presidente do Sporting (de onde saiu sem cumprir o mandato)
Por vezes era encontrado a passear na floresta	Só é encontrado na floresta se lá estiver uma equipa do Expresso
Andou uma vez de eléctrico	Prefere carros de alta cilindrada pagos pelos contribuintes
Era adepto do Arsenal	É adepto do Sporting
Não era um palhaço	É um palhaço

O campeonato está ao rubro. O Vålerenga e o Rosenborg venceram ambos os seus encontros fora, e estão neste momento empatados no primeiro lugar com o mesmo número de pontos (embora a vantagem pertence ao RBK nos confontros directos). O VIF terá que esperar por um deslize do RBK, e não fazer nenhuma parvoíce para se sagrar campeão. Ó Rosenborg, desliza lá!

Apesar dos meus desejos, é no entanto improvável que tal aconteça. Na última jornada, ambas as equipas jogam em casa- o VIF recebe o Stabæk, enquanto o RBK recebe o Lyn. E não estou a ver o RBK a perder no Lerkendal...

PaternidadesOlavs far

O grande tema de falatório por cá tem sido a paternidade do rei Olavo V. O rei Olavo, como eu já disse algures, era tão popular que, se houvesse eleições para rei, receberia cerca de 101% de votos.

Pois, como é dito no último parágrafo do artigo da Wikipedia, e mais extensamente neste artigo da BBC, o rei Olavo não seria filho do rei Haakon, mas sim de um médico britânico, que teria inseminado artificialmente (ou talvez não) a então princesa Maud da Dinamarca.

Isto, como devem calcular, provocou um grande falatório inconsequente. Mas, apesar de tudo, mais vale falar disso do que das últimas palhaçadas do primeiro-ministro. Sim, porque o rei Olavo também pode ter chegado ao cargo sem eleições- mas ao menos, não era um palhaço.

Bom, e cá estou de regresso às terras que estão a ficar cada dia mais gélidas.

Desta vez, estou instalado um pouco mais longe do Sintef, em Tøyen- o que sendo os transportes públicos de confiança nesta terra, me dá uma agradável garantia de nunca perder mais de 20 minutos no percurso casa-trabalho.

365 dias a blogarGratulerer med dagen

E este blogue comemora o seu primeiro aniversário. E como há um ano atrás, preparo-me para mais uma breve estadia nas terras gélidas.

Há exactamente um ano, era divulgado o Prémio Nobel da Paz, e saiam as listas dos impostos, listando quando cada contribuinte contribui para o fisco norueguês- notícias que se repetem hoje. E listas dessas é que eu gostaria de ver em Portugal - seria algo com mais piada ainda que a governação do Santana Lopes, novo recordista mundial do lançamento do marcelo.

O impensável está em riscos de acontecer: a três jornadas do fim do campeonato, o Vålerenga está a um escasso ponto do Rosenborg, e em risco de se tornar campeão norueguês. Os dois clubes já tiverem os seus dois confrontos da época, pelo que o Vålerenga está dependente de resultados de terceiros. Na última jornada o Rosenborg receber o Lyn, o outro grande clube de Oslo, e claro que alguns Lyn-ófilos não se importariam de perder o jogo só para impedir o Vål'enga se ser campeão. Mas a esperança permanece, e em menos de um ano o Glorioso Vålerenga sobe das portas do inferno (a Primeira Divisão que na realidade é a segunda) até as portas da glória e da Liga dos Campeões do próximo ano.