blog em português, dedicado a assuntos nórdicos
blog om Norden på portugisisk

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Carnaval
Karneval

Posso já anunciar que a cidade esta completamente coberta de neve, que vou ter dificuldade de achar a porta de casa, que deve estar tapadas com vários quilos de neve, e que não há brasileiras a dançar na Karl Johann escassamente vestidas.

No entanto, sendo um animal de sangue quente, o corpo humano necessita de tanto mais roupa quanto menos movimento faz. Assim, uma pessoa parada hoje na rua precisa de vários fatos esquimós, a um esquiador basta-lhe, um futebolista o seu equipamento habitual [OK, estou a exagerar], e uma brasileira a dançar em dia de Carnaval na Karl Johann precisa da mesma roupa que usaria no Rio.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Bjørnstjerne Bjørnson


As poucas medalhas douradas que vieram de Turim nesta direcção significaram que a música ao som da qual é cantado um famoso poema de Bjørnstjerne Bjørnson, não foi ouvida muitas vezes nos Alpes. [Se ainda estão a tentar decifrar esta frase, o tipo é o autor da letra do hino nacional. Tipo o Lopes de Mendonça cá da terra, com a diferença que duvido que 1% dos portugueses saibam quem é o Lopes de Mendonça, enquanto toda a gente aqui conhece o Bjørnson; e já agora o hino nacional daqui NÃO começa com Havets helter hmm hm-hm).

Bjønson recebeu o Nobel da Literatura de 1903 (é geralmente considerado que os Nobel da época eram dados a escritores mediocres, que ninguém lê hoje em dia) pela sua obra poética. A frase mais famosa de Bjørnson, no entanto, terá ele dito à sua esposa Karoline [isto não é uma piada sobre o PdC], que, farta das infidelidades do marido durante as suas frequentes viagens ao estrangeiro, terá, antes da partida desta para mais uma viagem a Paris, ameaçado atirar-se da janela se ele lhe tornasse a ser infiel. No regresso, Bjørnson, aproximando-se de casa, e vendo a esposa à varanda, terá acenado com o chapéu, e gritado as palavras imortais:

Hopp, Karoline, hopp!

E com isto, o meu público mais ignorante das línguas nórdicas aprendeu uma palavra nova.

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Ouro ou talvez não
Gull eller kanskje ikke

Uma catástrofe parece ter atingido a Noruega. Após 12 dias de provas olímpicas, a Noruega conquistou duas míseras medalhas de ouro. Pior do que isso, a Suécia já vai em 4! O Aftenposten, que pedia 14 medalhas (mais uma do que em Salt Lake City há quatro anos) teve que engolir as suas palavras, e os tablóides dos doces irmãos[*] estão-se a divertir imenso.

Claro que, mesmo assim, a Noruega tem mais duas medalhas douradas que Portugal, pois o singelo e ignorado representante português ficou em 94º na corrida dos 15km em esqui, atrás dos concorrentes do Quénia e da Etiópia.

[*] diz-se söta bror, em sueco, por analogia aos nuestros hermanos. Como todos sabem, especialmente a minha irmã, os irmãos não se escolhem.

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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Roald & Roald

Há dias, após chegar a casa depois de uma breve caminhada de 6 quilómetros com 8 graus negativos (é mais fácil do que parece), lembrei-me que ainda não falei de um tipo responsável por uma caminhada um pouco maior, e sob um frio menos ligeiro: Roald Amundsen.

Roald Amundsen foi um dos homens que mais longe chegou do seu grande objectivo na vida: ser o primeiro homem a chegar ao Pólo Norte. Ultrapassado pelo americano Robert Peary, tornou-se, em 1911, o primeiro homem a chegar ao Pólo Sul, o que lhe deve ter aliviado um pouco a frustação. Um mês depois, o britânico Robert Scott chegava aos 90° S apenas para encontrar uma semi-enterrada bandeira norueguesa flutuando ao vento. Amundsen viria a ser também o primeiro a sobrevoar o Pólo Norte, num dirigível, proeza antes tragicamente tentada pelo sueco Salomon August Andrée, tão bem retratado em filme pelo grande Max von Sydow.

Por essa altura, nascia no País de Gales, filho de pais noruegueses, um rapazinho do sexo masculino, que foi baptizado com o nome Roald, em homenagem ao grande explorador polar, recebendo o apelido Dahl do seu pai. Roald cresceu, numa infância tão bem retratada no livro Boy e viria a tornar-se um grande escritor de livros para a infância e juventude, versando sobre fábricas de chocolate e pêssegos gigantes, e sendo ligeiramente influenciado pelas lendas nórdicas que a sua família lhe contava, vários contos imprevistos, o que lhe garante um lugar honorário na lista de escritores destas gélidas terras.

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quarta-feira, fevereiro 01, 2006

A mais cara do mundo
Den dyraste i verden

Como se ainda fosse novidade, Oslo foi declarada a mais cara do planeta, o que não é surpresa nenhuma para quem cá esteja.

Portanto, para satisfazer alguns dúvidas que por vezes me põem, com o euro a 8 coroas

* aluguer T0 mobilado: 6000kr. €750 (+electricidade)
* aluguer subcave não mobilada, com cozinha e casa de banho partilhadas: 3500kr. / €440
* um passe mensal de transportes públicos: 620 kr. / €87
* um litro de leite: 12kr. / €1.50
* 1½ litro de Pepsi: 15kr. / €1.90
* 1kg maçãs: 11kr. / € 1.40
* 700g café: 80kr. / €10
* 4 iogurtes: 14kr. / €1.75
* um cerveja num bar (40cl): 55kr. / €6.90 (diz o LM por que eu sou abstémio)
* 1 menu BigMac: 80kr. / €10 (o LM por vezes tem um estilo de vida pouco saudável)
* 1 Henry Potter[*] capa dura: 340kr. / €42.50
* 1 livro de bolso: 99kr. / €12.50
* 1 maço de tabaco: não faço ideia, mas é caro como tudo
* 1 francesinha: não tem preço

E quereis, claro, saber o motivo? O tipo que trabalha no McDonalds deve ganhar tanto quanto eu.

[*] o erro é propositado

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Bons conselhos
Gode råd

Para ver o que acontece a quem não segue os meus conselhos (especialmente o cuidado com o gelo), este relato pode esclarecer as dúvidas dos mais incautos.