blog em português, dedicado a assuntos nórdicos
blog om Norden på portugisisk

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Bjørnstjerne Bjørnson


As poucas medalhas douradas que vieram de Turim nesta direcção significaram que a música ao som da qual é cantado um famoso poema de Bjørnstjerne Bjørnson, não foi ouvida muitas vezes nos Alpes. [Se ainda estão a tentar decifrar esta frase, o tipo é o autor da letra do hino nacional. Tipo o Lopes de Mendonça cá da terra, com a diferença que duvido que 1% dos portugueses saibam quem é o Lopes de Mendonça, enquanto toda a gente aqui conhece o Bjørnson; e já agora o hino nacional daqui NÃO começa com Havets helter hmm hm-hm).

Bjønson recebeu o Nobel da Literatura de 1903 (é geralmente considerado que os Nobel da época eram dados a escritores mediocres, que ninguém lê hoje em dia) pela sua obra poética. A frase mais famosa de Bjørnson, no entanto, terá ele dito à sua esposa Karoline [isto não é uma piada sobre o PdC], que, farta das infidelidades do marido durante as suas frequentes viagens ao estrangeiro, terá, antes da partida desta para mais uma viagem a Paris, ameaçado atirar-se da janela se ele lhe tornasse a ser infiel. No regresso, Bjørnson, aproximando-se de casa, e vendo a esposa à varanda, terá acenado com o chapéu, e gritado as palavras imortais:

Hopp, Karoline, hopp!

E com isto, o meu público mais ignorante das línguas nórdicas aprendeu uma palavra nova.

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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Roald & Roald

Há dias, após chegar a casa depois de uma breve caminhada de 6 quilómetros com 8 graus negativos (é mais fácil do que parece), lembrei-me que ainda não falei de um tipo responsável por uma caminhada um pouco maior, e sob um frio menos ligeiro: Roald Amundsen.

Roald Amundsen foi um dos homens que mais longe chegou do seu grande objectivo na vida: ser o primeiro homem a chegar ao Pólo Norte. Ultrapassado pelo americano Robert Peary, tornou-se, em 1911, o primeiro homem a chegar ao Pólo Sul, o que lhe deve ter aliviado um pouco a frustação. Um mês depois, o britânico Robert Scott chegava aos 90° S apenas para encontrar uma semi-enterrada bandeira norueguesa flutuando ao vento. Amundsen viria a ser também o primeiro a sobrevoar o Pólo Norte, num dirigível, proeza antes tragicamente tentada pelo sueco Salomon August Andrée, tão bem retratado em filme pelo grande Max von Sydow.

Por essa altura, nascia no País de Gales, filho de pais noruegueses, um rapazinho do sexo masculino, que foi baptizado com o nome Roald, em homenagem ao grande explorador polar, recebendo o apelido Dahl do seu pai. Roald cresceu, numa infância tão bem retratada no livro Boy e viria a tornar-se um grande escritor de livros para a infância e juventude, versando sobre fábricas de chocolate e pêssegos gigantes, e sendo ligeiramente influenciado pelas lendas nórdicas que a sua família lhe contava, vários contos imprevistos, o que lhe garante um lugar honorário na lista de escritores destas gélidas terras.

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sábado, novembro 12, 2005

Lars Saabye Christensen

Uma rápida visita ontem à FNAC permite-me dar uma boa notícia para os numerosos amantes da literatura norueguesa em Portugal: um dos mais famosos livros do famosíssimo autor Lars Saabye Christensen foi editado pela Cavalo de Ferro: trata-se do romance Beatles, que são importantes figurantes na obra. Este romance junta-se ao Herman, herói da obra homónima.

Lars Saabye Christensen (n. 1953), apesar de quase desconhecido a sul de Flensborg (cidade fronteiriça entre a Alemanha e a Dinamarca, ó incultos), é bastante conceituado na Escandinávia pelas suas obras de cenário urbano, e usa uma linguagem bastante coloquial que às vezes põe a cabeça em água aos leitores cuja conhecimento do norueguês é mais formal (tipo, sei lá, eu). É também guionista, tendo guionado várias das suas próprias obras, inclusivé Beatles (sob o título Brennende Blomster, Flores Ardentes, o Herman, e o primeiro filme norueguês que eu vi na vida (e que, tendo perdido o começo, sempre pensei que fosse dinamarquês, porque na altura, inculto como era, não conseguia distinguir as duas línguas), Ti kniver i hjertet (Dez facas no coração), adaptação da obra Gutten som ville være en av gutta (O rapaz que queria ser um dos rapazes).

E sim, já li.

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sexta-feira, novembro 26, 2004

Sigrid Undset


Sigrid Undset (1882-1949) é a grande dama da literatura norueguesa, e uma senhora que eu gosto muito de ter no bolso, porque aparece nas notas de 500 coroas.

Filha de um arqueólogo norueguês (embora nascida na Dinamarca, tal como Axel Sandmose, outro autor famoso do qual ainda hei de falar), convertida ao catolicismo, feminista, Sigrid Undset escreveu inúmeros romances históricos (dos quais confesso só ter lido Contos do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda), entre os quais o mais famoso é o já referido Kristin Lavransdatter, que conta a vida de uma norueguesa da época medieval.

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terça-feira, outubro 28, 2003

Knut Hamsun

Apesar do recente discurso real que citei há dias não conter nada de importante, algumas mentes mais malvadas não resistiram a chamar a atenção para um pormenor: o senhor Haraldo inclui duas citações de Knut Hamsun, o que me permite introduzir um momento cultural.

Hamsun - mais um norueguês mundialmente famoso - enchou de orgulho o país após ganhar o Prémio Nobel da Literatura em 1920 - para vinte anos mais tarde descer ao nível de escritor maldito da nação, após apoiar um certo político alemão de bigode e o seu quisling local, Vidkun Quisling (aliás, Quisling era um quisling ao ponto de o seu nome se tornar sinónimo de "político local sem nenhum apoio popular posto num lugar sem nenhum poder real pelas forças ocupantes" - googlar por Ahmed Chalabi pode explicar o quero dizer). Hamsun chegou inclusive a publicar um obituário elogiando o dito político alemão após o seu suicídio (o do político, não de Hamsun) - o que leva a pensar que os que internaram no manicómio em vez de na prisão a seguir à libertação deviam ter uma certa razão.

Quanto à minha opinião acerca do escritor, li apenas dois livros - um no século passado, em tradução portuguesa - Sult, "A Fome", e no original (tão original que ainda mantinha a ortografia do final do século XIX, apesar de ter sido impresso em 2000), Viktoria (título português, "Viktoria").
Sult, que um jornal americano citou uma vez como sendo a inspiração para o delicioso filme Babettes gæstebud, "A Festa de Babette", conta a história de um escritor esfomeado em Oslo - uma Oslo que na altura eu não conhecia, pelo que talvez seja uma boa ideia rele-lo. Quanto a Viktoria, é a história trágica e ridiculamente romantica de dois apaixonados que apenas descobrem a sua paixão mútua quando um deles morre. Triste.

A vida de Hamsun foi filmatizada, num filme mediocre salvo apenas pelas magníficas interpretações do grande actor sueco Max von Sydow e da excelente, embora pouco famosa fora da Escandinávia, actriz dinamarquesa Ghita Norby.

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sábado, outubro 25, 2003

A frase mais assassina alguma vez dita sobre Ivar Aasen, que o texto da Wikipedia descreve melhor que eu tenho tempo para o fazer, terá sido do mundialmente famoso escritor islandês Halldór Láxness: "nynorsk é simplesmente o falar dos camponeses noruegueses mutilado por um professor com um fraco conhecimento de islandês".

As opiniões norugueses sobre Ivar Aasen dividem-se: há quem o considere um génio, e há o resto do país que o considera um louco.

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terça-feira, outubro 21, 2003

Pronto, pronto, eu esclareço. "Når næter er ljose som dagar" significa "quando as noites são luminosas como os dias" (admitamos que em norueguês soa melhor).

Quanto ao Ivar Aasen, havia tanta coisa a dizer, mas não temos tempo.

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