blog em português, dedicado a assuntos nórdicos
blog om Norden på portugisisk

terça-feira, março 30, 2004

Filmes pascais
[Påskefilmer]

Agora que a Páscoa aproxima-se, e o filme do Mel Gibson já ante-estreou, é tempo de lembrar outro filme típico da época: «A Vida de Brian», dos Monty Python.
Pois esse filme foi alegadamente banido aquando da sua estreia na Noruega, por blasfémia. Embora isto não seja estritamente verdade - o que aconteceu foi que nenhum distribuidor quis distribuir o filme, por temer que fosse banido (certas áreas da Noruega são um pouco fundamentalistas) - a verdade é que parecem ter sido impostas algumas condições para o filme ser apresentado, nomeadamente que certas partes não fossem legendadas. A lógica parece ter sido - quem for ficar ofendido com isto, também não deve perceber inglês.
Os suecos é que não perderam a oportunidade de divulgar o filme como sendo "um filme tão engraçado que foi proibido na Noruega", e parece ter havido excursões trans-fronteiriças até à Suécia para ver o filme.

Outro mito algo semelhante é o de que o Pato Donald foi proibido na Finlândia por não usar calças. É falso, o pato é extremamente popular no Norte, especialmente entre os suecos, que lhe chamam Kalle Anka. Já aqui na Noruega, o Pateta é conhecido como Langbein, que quer dizer Pernalonga. Já o Pernalonga, como alguns de nós que já cá andam a mais tempo chamavam ao Bugs Bunny, é conhecido como Snurre Sprett.

E pronto, já tivemos o momento cultural do dia.

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sexta-feira, março 26, 2004

Eu tinha prometido falar dos partidos noruegueses, mas ainda não vai ser hoje... E que só no parlamento há oito, e agora não tenho tempo para os descrever a todos, especialmente porque quero ter a certeza que não ponho os pés pelas mãos.

Mas uma das consequências de haver tantos partidos, dos quais o mais votado teve 32% dos votos, é a necessidade de consensos - ou seja, os políticos são muito educados uns com os outros, porque não sabem com quem vão ter que se coligar amanhã. Partidos unipessoais (tipo o PP) não costumam ter muita sorte, exactamente porque há sempre diversas maneiras de se somar deputados para fazer coligações, e políticos reles não se conseguem fazer incontornáveis (ao contrário, sei lá, de Portugal).

Conclusão: se calhar estamos a precisar de mais partidos...

quarta-feira, março 24, 2004

Às vezes tenho vontade de ir à NRK pregar um par de sopapos em toda a gente. Bom, nem em toda a gente - só nos imbecis que limitaram a cobertura da jornada de ontem da Liga dos Campeões nos telejornais ao jogo do Milão e do Corunha, sem sequer citar o outro jogo. Sim, nem sequer disseram o resultado. Isto para mim, é causa para despedimento por justa causa de toda a redacção desportiva da NRK.

terça-feira, março 23, 2004

Lembram-se de eu ter dito que a primavera tinha começado ? Pois hoje nevou.

Azar de o Porto não jogar com equipas inglesas - nenhum canal mostra o jogo. Patifes...

Agora reparei que em quase seis meses que leva este blogue, nunca tentei explicar a políticia norueguesa. O que não é de admirar, porque às vezes nem os noruegueses a entendem muito bem...

Antes de descrever os partidos, algumas palavras sobre o sistema político em geral.

A Noruega é regida por uma constituição aprovada a 17 de maio de 1817, embora naturalmente com imensas emendas (por exemplo, já foi removida há muito tempo a proibição de residência no país a judeus e jesuítas que estava logo no artigo 2), e que é a segunda mais antiga do mundo ainda em vigor, a seguir à dos Estados Unidos. Assim sendo, ambas tem algumas características que se podem considerar velhas relíquias, como o Colégio Eleitoral nas eleições presidenciais do EUA, ou, no caso norueguês, o extenso poder atribuído ao rei (puramente teórico, uma vez que ele nunca o usa) - ao contrário da Suécia, onde o rei não faz nada além de entregar os Nobel, receber os embaixadores e figura de parvo de vez em quando. Por exemplo, não é possível convocar eleições antecipadas - a legislatura tem que cumprir os quatro anos - uma vez que na altura em que foi aprovada não havia partidos, e era o rei que decidia quem é que primeiro-ministriava, pelo que eleições antecipadas eram completamente desnecessárias.

O poder executivo, como em todas as monarquias democráticas (excluí-se a Arábia Saudita, a Coreia do Norte, e outras) está não no rei, claro, mas sim no governo e no primeiro-ministro, actualmente o nosso amigo Bondevik.

O Parlamento, como já disse noutra altura, chama-se Storting, a Grande Assembleia, que é eleito por quatro anos, e que é bastante mais fracionado que o nosso - nenhum dos oito partidos tem sequer um terço dos deputados, o que obriga a governos de coligação, e a extensas negociações pós-eleitorais. Uma característica curiosa é que, por tradição, os deputados não se sentam por partidos, mas sim por região (isto é, os deputados de Oslo numa ponta e os do Norte do país na outra). São eleitos 169 deputados, mas depois complica: um quarto deles forma a Câmara Alta, os outros três quartos a Câmara Baixa, e as leis devem ser aprovadas por ambas as câmaras. Para que é que isto serve, nunca descobri bem. Ainda outra curiosidade: o número de deputados por região está hard-coded na Constituição, pelo que não muda com a população (e já aconteceu regiões com menos habitantes terem mais deputados). Não há deputados pela imigração.

A Noruega é regionalizada - existem 19 fylker, ou condados. O munícipio de Oslo é o seu próprio condado, e está completamente cercado pelo condado de Akerhus. O sistema lá vai funcionando, e felizmente não se conhecem casos de albertojoãojardinismo no país. Abaixo, existem 435 municípios (que ao contrário dos nossos não são sagrados - vão-se dividindo e unindo conforme os movimentos populacionais), com extensos poderes.

No próximo episódio, os partidos.

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sexta-feira, março 19, 2004

O bilhete do rei Olavo
[Snek kong Olav?]

Um mistério que persiste em relação ao rei Olavo. Os assíduos leitores deste blogue devem-se recordar de eu ter dito que ele era muito popular porque uma vez andou de electrico - embora corram boatos que ele não pagou o bilhete.

Pois bem, fui informado que o bilhete foi avistado no Museu do Esqui no Holmenkollen. Algumas pesquisas parecem indicar que o guarda-costas do homem terá pago o bilhete (o rei não usava passe mensal, ao contrário da maioria das pessoas). Peço desculpa pela falsa acusação que lancei...

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E descobri hoje que não sou o único português a blogar das terras gélidas do norte. Este blogue é blogado a partir da Finlândia.

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quinta-feira, março 18, 2004

A neve começa a fundir, o sol brilha, o equinócio aproxima-se...

Que bela é a primavera.

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segunda-feira, março 15, 2004

Fugindo ao âmbito deste blogue:

Os espanhois lá foram em massa às urnas mostrar o que se deve fazer com governos aldrabões e mentirosos... Isto não representa de modo algum uma vitória para os terroristas, como alguns busheviques ainda para aí a dizer. Simplesmente, é a demonstração que há limites para a aldrabice. Até nas terras tórridas.

sexta-feira, março 12, 2004


quarta-feira, março 10, 2004

FCP vs. Man Utd
Ses neste år

Ontem, assisti ao jogo entre duas equipas regionais, uma das quais com uma gigantesca pipa de massa e outra treinada pelo segundo homem mais vaidoso de Portugal (a seguir ao Santana Lopes, com a diferença que o Santana Lopes ainda não fez nada de jeito na vida). O local escolhido foi o Bohemen, a uns cinquenta metros da estátua do Christian Krohg.

O golo do Costinha foi efusivamente celebrado por grande parte da assistência inglesa. Claro que eles eram adeptos do Chelsea, o que faz os seus festejos compreensiveis.

segunda-feira, março 08, 2004

E o país festeja a demissão do ministro do trabalho Viktor Norman, também conhecido como o ministro do piano.

Pudessem certos ministros portugueses (a incompetente da Cardona e o canalha do ministro da Defesa à partida) seguir-lhe o exemplo. Ao fim e ao cabo, Norman demitiu-se por muito menos. No entanto, em certos paises do sul da Europa, é mais tradicional ter alguns ministros extremamente incompetentes para esconder a só incompetência do Primeiro.

Azar Karadas

Uma correcção: aparentemente o Azar (o tal que joga no Rosenborg) não é de ascendência iraniana mas sim turca (e não digam que é a mesma coisa, porque eles normalmente não gostam) e grega. Turca e grega em simultâneo? A paz no mundo
é possível!

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sexta-feira, março 05, 2004


Não, não sou eu na fotografia, embora ontem também tenha percorrido o Korketrekken de trenó, pela primeira vez na vida (e se depender de mim, não será a última). Não, não foi a toda a velocidade, que eu sou doido mas não tanto. Confesso que é uma sensação óptima (excepto quando os que nos ultrapassam nos enchem de neve).

Para um melhor aproveitamento do Korketrekken, sugere-se no entanto que se evite cuidadosamente as árvores, os utilizadores mais lentos (que no meu caso, não são muitos), e que os utilizadores mais rápidos nos evitem a nós!



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quinta-feira, março 04, 2004

Um dia triste para o futebol noruguês, com o Vålerenga e o Rosenborg ambos injustamente eliminados da Taça UEFA (é impressão minha ou ultimamente este blogue tem sofrido de um excesso de futebol?)

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quarta-feira, março 03, 2004

VIF vs. Newcastle

E hoje, os valentes (mas por vezes incompetentes) jogadores do Vålerenga vão tentar provar que mesmo um clube cheio de ma$$a como o Newcastle pode ser derrotado por um bando de semi-amadores. Pelo menos, espero eu.

Fui convidado a ir hoje a Trondheim; mas decidi que seria uma sensação demasiado estranha estar a torçar pelo Rosenborg. Como quem lê este blogue está farto de saber, o Rosenborg é campeão da Noruega desde que os viquingues saquearam Lisboa algures no século VIII, e é tão popular no resto do país que entre os estudantes oriundos doutras regiões da Noruega que estudam na Universidade local existe a Claque de Apoio aos Visitantes do Lerkendal.

Embora eu, espiritualmente, pertença a essa claque cerca de 99% das vezes, hoje vou fazer uma excepção. A muito custo...

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