blog em português, dedicado a assuntos nórdicos
blog om Norden på portugisisk

sexta-feira, novembro 26, 2004

Sigrid Undset


Sigrid Undset (1882-1949) é a grande dama da literatura norueguesa, e uma senhora que eu gosto muito de ter no bolso, porque aparece nas notas de 500 coroas.

Filha de um arqueólogo norueguês (embora nascida na Dinamarca, tal como Axel Sandmose, outro autor famoso do qual ainda hei de falar), convertida ao catolicismo, feminista, Sigrid Undset escreveu inúmeros romances históricos (dos quais confesso só ter lido Contos do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda), entre os quais o mais famoso é o já referido Kristin Lavransdatter, que conta a vida de uma norueguesa da época medieval.

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quarta-feira, novembro 24, 2004

Apelidos
Etternavn

Hoje ando muito activo.

Durante este breve fim-de-semana alargado, passei por uma pequena aldeola chamada Bondevik, de onde é originária a família do primeiro cá do sítio. Isto porque há dois grandes tipos de apelidos noruegueses - aqueles que indicam a quinta de onde era originária a família, e aqueles que indicam que A é filho de B (ou, para ser mais exacto, trineto de B). Esses apelidos, que equivalem aos nossos Gonçalves (=filho de Gonçalo), Henriques (=filho do Henrique) e quejandos, são facilmente identificáveis pelo sufixo -son (ou, sob influência dinamarquesa, -sen), como, por exemplo, Pålsson. Esses apelidos só foram adoptados geralmente no século XIX, o que teve o efeito estranho de as mulheres receberem apelidos que significam filho de, em vez de filha de, como era costume desde tempos imemoriais (por exemplo, uma das obras mais famosas de Sigrid Undset chama-se Kristin Lavransdatter, o que indica que a Cristina era filha do Lavrão). Ou seja, era habitual usar o que se chama patronímicos, apelidos baseados no nome do pai.

A tradição dos pratonímicos persiste na Islândia, cuja filha mais famosa se chama Björk Guðmundsdóttir- ou seja, o pai dela chama-se Guðmund. Uma das consequências curiosas é que numa família nuclear islandesa pai, mãe, filho e filha costumam ter quatro apelidos diferentes.

Assim fala o vosso Páll Jósefsson.

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A minha visita à região de Sogn og Fjordane teve os seus momentos fascinantes. Como previsto, fui a Sogndal reencontrar o M., que liderou o meu grupo no ISFiT 1994, já há dez anos, o que me deu hipótese de reencontrar a Noruega profunda. As paisagens ao longo dos fiordes são simplesmente espectaculares, e ficou a promessa de voltar assim que possível durante o verão. Aproveitei para esquiar um pouco, conseguindo não me estatelar. Já agora, a região ainda possui algumas dessas belas igrejas de madeira (stavkirker) cujo exemplar mais famoso se vê no postal abaixo, por trás do rei Olavo (o tal que, ao contrário do nosso actual primeiro, não era palhaço).

De resto, uma visita a uma casa portuguesa com certeza (não sou o único leceiro na Noruega), onde o jantar foi bacalhau, o vinho era português (embora as azeitonas fossem espanholas), se pode ler o Jornal de Matosinhos, e se ouviu a Marisa e a Amália. Et lite stykke Portugal.

O problema destas visitas é que são curtas, e pouco tempo depois lá tenho que regressar a Oslo para trabalhar.

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FKHB(aL)

Chamo a vossa atenção para a presença na Rede do Fan-Klubben Heia Bortelaget (Av Lerkendal), o Clube de Apoio aos Visitantes (do Lerkendal), uma associação sem fins lucrativas com quase 2000 membros que se desloca a todos os jogos caseiros do Rosenborg para apoiar a equipa visitante.

Queria também dar os parabéns a todos os que foram capazes de ver o motivo pelo qual me dei ao trabalho de afixar o postal que se vê abaixo. Está atrás do gato, usa óculos, e como aqueles de nós que cá andam há mais tempo sabem, chama-se Ramalho Eanes. E é quando ouço pessoal mais novo que eu a dizer que não o conhece que compreendo que ando a ficar velho...

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quinta-feira, novembro 18, 2004

Igrejas de madeira
[Stavekirker]

Nesta fotografia podem apreciar uma das belas igrejas de madeira do século XII que resistiram à passagem do tempo, e que se encontra no Folkemuseet, a Noruega das Pessoas de Tamanho Médio.

Uma das personagens desta fotografia é o rei Olavo, que olha para um simpático gatinho que por ali devia andar à caça de esquilos. De resto, leitores mais atentos e já cá andam há mais tempo devem notar outras personagens conhecidas.

quarta-feira, novembro 17, 2004

E agora, olho pela janela e vejo neve. Carradas de neve. Quilos de neve. Toneladas de neve. A primeira neve do inverno saudou a cidade.

E amanhã, lá sigo eu para mais uma visita ao Vestlandet, onde espero, dez anos depois, reencontrar um dos meus companheiros do ISFiT 1994, o festival internacional de estudantes de Trondheim, que por uma daquelas coincidências em que o destino é fértil, vim a descobrir que mora actualmente em Sogndal, a escassos 60km de Øvre Årdal.

Já me avisaram que o jantar pode incluir bacalhau.

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Os países nórdicos orgulham-se, merecidamente, de estarem na vanguarda na igualdade entre homens e mulheres. Afinal, as finlandesas foram as primeiras europeias a ter o direito de voto, Gro Harlem Brundtland dominou a política norueguesa por mais de uma década, à frente de um governo que incluia mais mulheres que homens, e o nome de Vigdís Finnbogadóttir ficou famoso quando ela se tornou a primeira chefe de estado eleita do mundo. Claro que não suficientemente famoso para a maior parte dos leitores deste blogue saberem que ela foi eleita presidente da Islândia por quatro vezes.

Por isso não surpreende que o Rosenborg tenha sido merecidamente condenado por violar a Lei da Igualdade. O motivo: vedaram a uma jornalista o acesso ao balneário. Não teria havido problema se a entrada tivesse sido vedada a todos os jornalistas, mas, a partir do momento em que se permitiu a entrada de alguns jornalistas, a todos deveria ser permitida. E o Rosenborg, descriminando contra as mulheres, violou a lei.

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sexta-feira, novembro 12, 2004

O tempo em Vinderen
[Været i Tøyen]

Modifiquei a ligação metereológica à direita, para reflectir a minha nova localização em Oslo.

Em relação à dúvida que parece percorrer toda a gente: uma omanita é um natural de Omã, país no Golfo Pérsico. O único que conheço (não pessoalmente), é o frangueiro do Ali Al-Habsi, que joga no Lyn, e, caso eu ainda não o tenha dito, é um frangueiro.

segunda-feira, novembro 08, 2004

E para todos aqueles que estavam interessados no resultado da final da taça, o Brann bateu o Lyn por 4-1.

A cidade esteve cheia de berguenses (ou lá como se diz) este fim-de-semana, alguns dos quais passaram a noite a afixar subrepticiamente falsos sinais de trânsito pela cidade- um sinal triangular (de perigo) que dizia "Fare for Lyn", o que pode ser lido tanto como "perigo de relampago" como "perigo para o Lyn". O que, confessemos, foi verdade.

A culpa, obviamente, foi do treinador do Lyn, que mais uma vez deixou o Nuno no banco, preterindo-o por um omanita frangueiro.

sábado, novembro 06, 2004

Hoje estive novamente a servir de guia turístico (estou a pensar numa nova carreira).

A cidade, por sua vez, está cheio de pessoal de Bergen, que veio ver a sua equipa amanhã na final da Taça, contra o Lyn. Não percam amanhã a divulgação do resultado neste blogue.

Como habitualmente, a final foi precedida da outra final, a de futebol feminino, culminando com a vitória das jovens do Røa por 2-1 sobre as raparigas do Asker.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Já agora, aqueles de vós menos conhecedores das línguas escandinavas devem estar para aí a dizer "Valerenga", o que me permite introduzir como tema as três adições ao alfabeto latino destas terras gélidas.

  • å lê-se ó
  • æ é a vogal inglesa de cat
  • ø é equivalente ao ö alemão e ao eu francês


Os suecos, que não sabem escrever correctamente, usam ö em vez de ø e ä em vez de æ. Já os islandeses (cujo país estã neste momento coberto por um fumarada de origem vulcânica), para não ofenderem ninguem, usam æ e ö. E já que estamos nisso, o islandês tem duas letras extramamente estranhas, o þ, que não é um p, mas sim o 'th' inglês de 'think' (ou seja, o nome correcto do deus é Þór), e o ð, que é o 'th' inglês de 'the'.

Uma coisa que causa inúmera confusão entre vós, ó menos conhecedores das linguas escandinavas, é estas letras virem no fim do alfabeto, a seguir ao 'z'. Ou seja, os Øyvind aparecem no fim da lista, muito depois dos Rocha (que por cá são um tudo-nada menos numerosos).

Como se não bastasse, no princípio do século å escrevia-se aa, e muitas famílias optaram por manter essa ortografia nos nomes próprios- é por isso que o mesmíssimo nome se pode escrever Haakon e Håkon, dependendo da família. Ou seja, se quiserem procurar um Aagedal na lista telefónica, não vos passe pela cabeça ir ao começo. Ide directos ao fim, que é lá que eles estão.

Resumindo, digam Vólerenga. Por favor.



Campeonato 2004
[Eliteserien 2004]

Pois, dizia eu, o Rosenborg não deslizou.

Foi um fim de campeonato extremamente emocionante. Sendo o factor de desempate o goal-average, e não os confrontos directos (que teriam favorecido o glorioso Vålerenga), o VIF tinha que recuperar um golo de desvantagem (i.e., se o Rosenborg ganhasse por três golo de diferença, o VIF teria que ganhar por quatro).
Os minutos finais foram dos momentos futebolisticos mais excitantes desde aqueles minutos finais do jogo de Manchester- a vinte minutos do fim, o Rosenborg tinha o campeonato seguro, a dez minutos parecia tudo perdido, a cinco minutos, o título parecia recuperado, aos noventa, o Vålerenga falhou um golo de baliza aberto que lhe daria o primeiro campeonato em vinte anos, e os jogadores do Rosenborg passaram dois minutos a ver o jogo do Ulevål numa televisão ao lado do campo, sabendo que se os osloetas marcassem, o décimo-terceiro título escaparia-lhes. Infelizmente, não escapou, e há que dar os parabéns aos homens de Trondheim. Resultados finais: Rosenborg 4-1 Lyn, Vålerenga 3-0 Stabæk.

Aqueles de entre vós que seguem este blogue há mais tempo devem recordar o meu relato do final do ano passado, quando o Vålerenga se safou por uma unha negra da despromoção aos abismos da primeira divisão (que, não me canso de repetir, é na realidade a segunda). Foi uma recuperação espetacular.

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segunda-feira, novembro 01, 2004

Olha, o Rosenborg não deslizou...

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