blog em português, dedicado a assuntos nórdicos
blog om Norden på portugisisk

quinta-feira, novembro 27, 2003

Após o Molde sofrer uma lamentável derrota, o Vålerenga continua a provar ser uma equipa capaz de pregar valentes sustos aos seus adeptos, derrotando o Wisła na cidade natal do senhor Wojtyla (papas da casa não fazem milagres), não sem antes ir a penaltis e, mesmo com os adversários a falhar dois penaltis, quase a deitar fora a possibildade de passar à eliminatória seguinte.

Sim, porque, não contente em, na última jornada, conseguir o quase impossível e passar de uma posição segura ao 12º lugar e consequente jogo de qualificação cujos dois jogos miseráveis ganhou por 4-3 no conjunto das duas mãos, e quando se pensava já firme no escalão superior, vem a notícia que a reles condição financeira ameaça a permanência. Quem disse que não hã emoção no futebol não tem, como eu, uma simpatia pelo VIF.

De resto, infelizmente não é provável eu estar no Ulevaal a ver a derrota do Benfica, se como desejo, ele vier a ser merecidamente esmagado pelo VIF.



quarta-feira, novembro 26, 2003

As periferias nórdicas
[Grønland og Åland]

A Groenlândia, diz-se, recebeu o seu nome (Terra Verde) cerca de 1200, numa altura em que não era toda branca, e o clima permitia alguma agricultura. A mini-Idade do Gelo que atingiu o hemisfério norte cerca de 1400 exterminou as poucas aldeias com populações escandinavas que por lá havia. Os Inuit (não lhe chamem esquimós que eles não gostam) parecem no entanto não se ter queixado.

Quanto ao arquipélago de Åland, é a única província finlandesa exclusivamente de língua sueca, e que no final da Primeira Guerra votou para ser desanexada da Finlândia e anexada à Suécia. Os finlandeses não gostaram particularmente da ideia (principalmente os de língua sueca, a quem desagrava a ideia de ser ainda mais minoria do que já eram), pelo que, num compromisso martelado pela Liga das Nações, o arquipélago recebeu ampla autonomia, inclusive fiscal, o que permite aos viajantes dos ferries entre Estocolmo e Åbo (a cidade finlandesa de importância mais perto de Estocolmo) pararem no arquipélago para se embebedarem a preços módicos.

No entanto, o fim da União Soviética significou para muitos finlandeses a hipótese de se embebedarem a preços muito mais competitivos em Tallinn, na Estónia (o nome da cidade significa "castelo dinamarquês", o que é natural, pois fica perto do sítio onde a Dannebrog caiu do céu).

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Falando em içar irmãs no mastro da bandeira (uma referência óbvia ao Emil de Lönneberga, que se envolvia igualmente noutras actividades pouco recomendáveis), ainda não falei de bandeiras. Um momento didáctico dos dias de outrora quando a RTP se dava ao trabalho de passar séries infantis suecos é exactamente quando o Emil iça a sua irmã mais nova, a Ida, para ela poder ter uma vista panoramica da região. Estando a Ida vestida de vermelho e branco, a vizinha, que é miope, pergunta ao pai do Emil porque é que ele içou a Dannebrog - dando escasso tempo ao Emil para se esconder no armazém da madeira. E foi assim que eu aprendi o que é a Dannebrog.
A origem lendária da Dannebrog - a bandeira dinamarquesa - a mãe de todas as bandeiras escandinavas, com a sua cruz atípica, pode ser vista neste quadro, em que ela cai do céu quando o rei dinamarquês Valdemar o Vitorioso estava em 1219 a pregar o cristianismo -pelo método habitual de massacrar os pagãos- no que é actualmente a Estónia.
Os suecos, não querendo pecar pela originalidade, usaram o mesmo modelo, mas com as cores das suas armas nacionais: as três coroas sobre fundo azul-claro.
Já a Noruega adoptou em 1814 - aquando da indepêndencia da Dinamarca - a Dannebrog nas suas cores originais, mas com as armas nacionais (um leão segurando um machado) no campo superior esquerdo; posteriormente, foi adoptada a cruz central azul.
A Finlândia, então um grão-ducado onde o grão-duque, por mera coincidência, era também Czar de todas as Rússias, adoptou, igualmente por mera coincidência uma cruz escandinava azul sobre fundo branco.

Acima, podem-se ver, da esquerda para a direita, a Dannebrog e as bandeiras da Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia, ilhas Féroé, Åland (uma província finlandesa, da qual ainda havemos de falar), Groenlândia e Lapónia.

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A minha semana como (parcialmente) guia turístico terminou, não sem que eu tivesse que traduzir literatura infantil de norueguês para português (o turista mais velho queria levar um livro com a história da Gitte e dos lobos cinzentos para as suas cachopinhas).

Segundo uma pessoa com experiência em criar crianças na Noruega (e vou acreditar nela, que eu não tenho nenhuma) (nem experiência nem criança), nas histórias infantis noruguesas, influenciadas pela Ann-Cath Vestli, as crianças são sempre bondosas e bem intencionadas, como por exemplo o Ole Alexander Filibom-bom-bom, que morava no prédio mais alto de Oslo, e que apanhou esse nome por apreciar os tambores da guarda real. Já nas histórias infantis suecas, influenciadas pela grande Astrid Lindgren, as crianças são mais marotas e mais propensas a malvadezas (tipo içar a irmã mais nova no mastro da bandeira), que é como quem diz, normais.

A Astrid era tão famosa que, quando morreu no ano passado aos 91 anos, os jornais nórdicos noticiaram simplesmente a toda a largura da primeira página «morreu a Astrid». Já o Público teve que esclarecer, num cantinho da primeira página, «morreu a autora da Pipi das Meias-Altas» - uma personagem que ainda tocou a minha infância, mas totalmente desconhecida da juventude de hoje.

Quando aos outros dois maiores países nórdicos, deram ao mundo um grande autor infantil cada: a finlandesa (de língua sueca) Tove Jansson e os seus incomparáveis mummis (que a NRK customava transmitir falados em lapão com legendas em norueguês) e o nórdico mundialmente famoso (e este é mesmo) Hans C. Anderson, o da pequena sereia, do soldadinho de chumbo, da menina dos fósforos, do patinho e de inúmeras mais histórias que preencheram a infância inclusivé da juventude apreciadora do Dragon Ball.

segunda-feira, novembro 24, 2003


E para o fim, deixei o Parque Vigeland- mais um dos pontos em Oslo que produziria facilmente um blogue completo, mas não temos tempo. A cerca de um quilómetro da minha modéstia residência, modéstia não é no entanto uma palavra facilmente associada às imensas estátuas do parque, que Gustav Vigeland planeou e produziu durante cerca de 30 anos.

As estátuas representam pacíficos seres humanos envolvidos nas mais diversas actividades. A estátua ao lado não é no entanto a mais famosa (essa é o Sinnetagen, alegadamente representando o filho de Vigeland dizendo que não lhe apetecia posar para a estátua), mas representa certamente uma actividade humana. As páginas do museu apresentam um razoável resumo do que se pode apreciar no parque, que no verão customa estar repleto de gente até o pôr-do-sol, i.e., até cerca das onze da noite.

Além da galeria nacional, guiei também através da Casa dos Barcos Viquingues, onde se apresentam belos exemplares em razoável estado de conservação., além da indispensável loja de recuerdos, onde se encontra tudo sobre viquingues excepto os famigerados capacetes com corninhos (que de qualquer modo os viquingues nunca usaram).

Outro fascinante museu é o Folkemuseet, que, algo semelhante ao Portugal dos Pequeninos, inclui a parte da Noruega das Pessoas de Tamanho Médio, contendo exemplos de casa rurais - e mesmo algumas urbanas - de diversas regiões do país, e mesmo uma casa lapã, tudo ao ar livre. O que se não fosse o facto de de manhã ter nevado forte e feio e o tempo estar em geral uma miséria, além do museu fechar às quatro quando já está noite cerrada, nem seria mau.

Em resumo, os museus de Oslo são um bom motivo para vencer as adversidades do clima. Mas será melhor visitá-los no verão.

Um fim de semana silencioso, onde estive a servir de guia turístico.

Sábado, por exemplo, guiei pela Galeria Nacional onde milhares e talvez mesmo centenas de quadros de quadros - não só de pintores norugueses - se apresentam, nomeadamente o «Grito» do Munch, do qual já falamos. Um dos guiados apreciou particularmente os quadros do Christian Krogh, nomeadamente o quadro da Albertina visitando o médico da polícia. Alegadamente, a Albertina, aqui aparentemente uma dama de alta sociedade, era muito conhecida nos meios boémios da Cristiânia do final do século XIX, praticando uma profissão muito antiga. Dizem alguns, a mais antiga do mundo.

Como devem ter reparado, eu escrevi Cristiânia e não Oslo. Isto porque, após um incêndio em 1624,o rei Cristiano IV da Dinamarca e da Noruega achou por bem mudar a cidade de sítio, e aproveitou para rebatizá-la, modestamente, Cristiânia, nome que manteve até 1924.

sexta-feira, novembro 21, 2003


A coroa é a moeda da Noruega (e estando o país fora da União Europeia, continuará a se-lo durante uns anos) desde 1873, quando os três países escandinavos decidiram criar uma moeda comum, união essa que durou até ao final da Primeira Guerra Mundial. No entanto, os valores continuam aproximados: um euro vale mais ou menos 8 coroas, sejam elas suecas, norueguesas ou dinamarquesas. As coroas islandesas também tinham aproximadamente o mesmo valor, mas anos consecutivos de elevada inflação reduziram o seu valor, pelo que um euro vale cerca de 120 coroas islandesas.

As coroas vem em vários tamanhos e feitios; principalmente redondo - com e sem furo- e rectangular, nesse caso acompanhado das habituais medidas anti-falsificação.

quinta-feira, novembro 20, 2003

Estamos no Ramadäo, que este ano calha no inverno: ou seja, o período de jejum para a comunidade muçulmana na Noruega é curto - umas breves horas.

Agora imagnem quando o Ramadão calha no verão. Tipo em Tromsø, onde o dia pode durar dois meses seguidos.

Leitura interessante constitui este artigo hoje no Guardian.

Pelo contrário, certas pessoas, cujo nome não vou citar mas que rimam com "dogberto" preferem computadores às alegrias da cidade de Oslo.

quarta-feira, novembro 19, 2003

Previsivelmente, a selecção nacional norueguesa foi merecidamente massacrada perante um estádio do Ulevaal cheio, pelo menos até os espanhois marcarem o segundo golo, quando começou a esvaziar. Mas vergonha não é perder, é jogar mal como eles jogaram.

Sendo assim, as cores nórdicas no próximo europeu serão defendidas apenas pela Suécia e pela Dinamarca.

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terça-feira, novembro 18, 2003

Segredos da cozinha escandinava:

Chá gelado:
Use a receita do chá quente. Deixe do lado de fora da janela cerca de 30 segundos (o valor exacto depende da estação do ano). Sirva, obviamente, gelado.

domingo, novembro 16, 2003

A esperança de ver hordas de noruegueses a desembarcarem nas costas portuguesas para assistir ao Euro'2004 ainda não morreu, com a derrota tangencial ontem em Valência, com um grande auxílio do guarda-redes. E do árbitro, mas não vamos por aí.

Enquanto a TV2 (versão local da SIC, mas com menos anúncio e mais respeitadora de horários, de cujo anúncio ao jogo roubei descaradamente a descrição do último post) mostrava o jogo, a NRK, televisão do estado, satisfazia a ansia norueguês de Festivais Eurovisão da Canção, trazendo-nos a versão miniatura, onde jovens entre os oito e os quinze anos competem pela honra de melhor cantor juvenil do continente (enquanto que o festival dos adultos procura o melhor cantor do continente e arredores, porque inclui Israel). A vitória sorriu a um sorridente rapazinho da Croácia, enquanto que os dois jovens que defendiam as cores norueguesas - um rapaz e uma rapariga de onze anos - cumpriram com a tradição nacional de ficar num dos últimos lugares (13º de 16). Mas tradição já não é que era, e a Noruega não voltou para casa com os zero pontos tradicionais. Embora se mantenha como o único país na história dos eurofestivais a conseguir zero pontos três anos consecutivos, a verdade é que desde a surpreendente vitória em 1995 dos Secret Garden com a música "Nocturne" (cujo letra consistia em cerca de 10 segundos de uma canção de três minutos), um dos últimos lugares já não é garantido.

sexta-feira, novembro 14, 2003

Tal como os viquingues desceram sobre a Península Ibérica em 882, amanhã um bravo destacamento dos seus descendentes travará uma violenta batalha em Valência, numa tentativa desesperada de baixar os lucros com que Portugal conta no Euro'2004, fazendo a selecção espanhola e os seus milhões de adeptos ficar em casa. Mas como milhões de noruegueses irão a Portugal despender as suas coroas no caso da Noruega se qualificar, aconselho a compra de acções de empresas que produzam bebidas alcoólicos.

A Noruega é um país algo paradoxal no que diz respeito ao consumo de alcool. As bebidas, todas, são caríssimas em qualquer restaurante ou semelhante, com uma cola a custar €3.5 euros, e uma cerveja cerca de €6. Uma garrafa de vinho banal para acompanhar a refeição custa facilmente €25. E, tal como na Suécia e na Finlândia, bebidas com um teor superior a poucos por cento são exclusivamente vendidas em lojas do estado, chamadas apropriadamente Vinmonopolet (para encontrar uma, é só ver aonde há uma fila enorme de gente numa sexta ao fim da tarde).

Consequências: inúmera gente aproveita a sexta à noite para se embebedar; e sendo a polícia aqui tremendamente rigorosa no que diz respeito ao "se conduzir, não beba; se beber, arrisque-se a ficar sem conduzir até 2023", é também o melhor dia de negócio para os taxistas cá da praça. Outros, mais práticos, embarcam no barco para Copenhaga e embebedam-se a bordo duty-free - as bebidas alcoólicas são de venda livre na Dinamarca, o que explica os milhões de suecos e alces bebados que por vezes lá se encontram. E há inclusive barcos que se limitam a sair das águas territoriais o tempo necessário para os passageiros se emborracharem, e depois regressam ao porto.

Uma excepção à regra são, alegadamente, os eleitores do KrF (o partido cristão-democrata, não confundir com o patético PP e o canalha do seu líder), incluindo o nosso amigo Bondevik, que são todos abstémios. Há aliás uma história que a ministra responsável pelo Vinmonopolet nos anos 70, Bergfrid Fjose, introduziu uns sacos cor-de-rosa para os clientes, de modo a que quem andasse com tais sacos na rua fosse automaticamente denunciado como cliente.

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segunda-feira, novembro 10, 2003

A Noruega e o Irão
[Norge og Iran]


Falando em ministros, uma piada que corria há uns anos atrás, e corre outra vez: alguém sabe qual a semelhança entre o Irão e a Noruega?

É que ambos tem um padre como chefe de governo!

Sim, o primeiro ministro Kjell Magne Bondevik é um padre luterano. Ou um mullah luterano, como lhe queiram chamar.

O grande assunto de debate, neste momento, é o piano do ministro do trabalho, Viktor Norman. Para ser mais exacto, o piano que o ministério do trabalho comprou por 30.000 coroas para o ministro poder relaxar após um dia cansativo de trabalho, combinado com as despesas sumptuosas nalguns dos melhores restaurantes de Oslo.

Não é agradável isto ser notícia?

Uma pequena correcção: há uns dias, disse que toda a população de alces selvagens da Dinamarca tinha sido aniquilado quando o dito alce tentou atravessar uma estrada. Afinal, foi uma linha da caminho de ferro.

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domingo, novembro 09, 2003

Um dos programas mais fascinantes do Herman (Lindqvist) versou sobre a morte violenta mais famosa das história dos países nórdicos: a do rei da Suécia Karl XII, ainda discutida apesar ter acontecido há mais de trezentos anos.

Numa época em que os reis se mantinham prudentemente longe do campo de batalha, Carlos XII era o prótotipo do rei que não tinha medo de sujar as mãos numa boa refrega, envolvendo o seu país em guerras contínuas durante o seu reinado, e sendo espectacularmente derrotado por Pedro o Grande na famossísima batalha de Poltava, na Ucrânia, que marcou o ínicio a ascenção inexorável da Rússia como potência continental.
Não contente com isso e com a perda do estuário do rio Neva, onde mais tarde seria fundada São Petersburgo [cidade honoriamente pertencente às terras gélidas do Norte], Carlos XII regressou da Turquia, para onde tinha escapulido após Poltava, para imediatamente envolver a Suécia numa guerra contra a Dinamarca, reino do qual a Noruega fazia à época parte. Durante o cerco da fortaleza norueguesa em Fredrikshald (actualmente Halden), Carlos XII cai atingido por uma bala - mas teria sido o rei atingido por um soldado norueguês com uma espectacular pontaria, que num brilhante golpe de sorte abateu o comandante supremo do exército inimigo? Ou mais prosaicamente teria um soldado sueco que estava farto de andar metido em confrontos violentos e queria simplesmente ir para casa ter com a família espetado uma bala nas costas do rei?

Trezentos anos depois, a dúvida persiste...

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As duas Europas
[To Europa]

À teoria de que a Europa se divide em duas por uma linha que passa um pouco ao sul de Bruxelas, ao sul da qual se bebe vinho e ao norte da qual se bebe cerveja, o jornalista e historiador sueco Herman Lindqvist, antigo correspondente em Paris, acrescentou uma vez: "há duas Europas, e quando elas se encontrarem uma delas vai chegar atrasada". Adivinhem qual.

Não consigo deixar de pensar como é apropriado que a resposta sueca ao José Hermano Saraiva se chame Herman; além de escrever no Aftonbladet, ele apresenta regularmente na SVT (=televisão sueca) programas sobre história, que depois se tornam em livros altamente saborosos.

E, num episódio triste, tenho-vos a comunicar a derrota do glorioso não-Rosenborg (o Bodø-Glimt) na final da Taça, contra o poderoso Rosenborg BK, por 3-1, após prolongamento.
É triste.

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Final da Taça 2003
[Pokalfinalen 2003]

Ontem, caminhando pela Karl Johan, cruzei com um número substancial de adeptos de todas as idades, sexos e feitios (bom, quase - as crianças com menos de três anos estavam subrepresentadas) vindos de Trondheim e Bodø, com o objectivo expresso de assistir à final da Taça, que se realiza hoje à tarde no Ulevaal.
Após ontem o Medkila da segunda divisão ter derrotado surpreendemente o Kolbotn - uma das melhores equipas da Europa (estou a falar de futebol feminino) - os fervorosos adeptos do Bodø-Glimt esperam ansiosamente que os mais de 2000 km que tiveram que percorrer tenham valido a pena.

sexta-feira, novembro 07, 2003

Edvard Munch

E já que estou com a mão na massa, posso falar sobre o homem do grito, o Edvard Munch. O Grito, como as pessoas cultas sabem, é um quadro que está pendurado na Galeria Nacional de Oslo, embora tenha sido despendurado por uns malvados gatunos durante uns dias há uns anos (foi recuperado uns dias depois).

Munch é o pintor noruguês mundialmente famoso fora da Noruega (há outros mundialmente famosos que são desconhecidos do outro lado da ponte de Svinesund), embora tenho vivido longos períodos fora do país. Alguns do seus quadros são visíveis aqui, e como dá para ver, o homem gostava de pintar pessoas doentes e/ou moribundas, o que deixava o resto do pessoal bastante deprimido, e com vontade de começar aos gritos - o que o deve ter inspirado para o mais famoso dos seus quadros.

Para uma melhor biografia do Munch, aconselho o livrinho da Taschen que custa uns míseros €5, e se encontra em qualquer livraria.

A rua do Carlos João
Karl Johansgate


Falando da rua Karl Johan (um dia falarei sobre o próprio Karl Johan), é a rua que une a Estação Central (Oslo S) ao Palácio Real (Slottet), passando pelo Parlamento, pelo Teatro Nacional (Nationaltheatret), e por uma carrada de lojas a preços pouco módicos. Só a rua merecia um blog inteiro, mas não temos tempo.

A Karl Johan é o coração de Oslo, percorrida lentamente aos fins de semana para apreciar as montras e/ou as corridas de esquis que por vezes se fazem com o único objectivo de obrigar os pacíficos habitantes que precisam de atravessá-la exactamente naquele dia a dar uma volta enorme, demorando dez minutos para passar para o outro lado da rua, o que normalmente demora dez segundos.

A estátua mais interessante das quatro ou cinco que polvilham a rua é sem dúvida a do grande (em vários sentidos) pintor Christian Krohg, professor do famosíssimo Edvard Munch (o homem do grito, sobre quem falarei um dia destes); é a única que conheço em que a personagem retratada está sentada, com ar refastelado (o Pensador do Rodin também está sentado, mas o ar não é certamente refastelado).

quinta-feira, novembro 06, 2003

Johan Nygaardsvoll


Johan Nygaardsvoll foi primeiro-ministro da Noruega de 1935 a 1945, incluindo cinco dramáticos anos no exílio em Londres durante a ocupação alemã, bem como os anos da recuperação económica que se seguiram à grande depressão - um dos primeiros primeiros-ministros de esquerda do planeta.

quarta-feira, novembro 05, 2003

Os jornais noruegueses
[Norske aviser]

Falando do Dagbladet, talvez seja boa altura para descrever a imprensa norueguesa.

Em poucos países se devem consumir jornais como nestas terras gélidas; quase toda os domicílios assinam pelo menos um jornal. e quem mora no quarto andar e sai de casa pela manhã pode ver um jornal à porta de cada apartamento.
O jornal de referência em Oslo é sem dúvida o Aftenposten (A Folha da Tarde, que como o nome indica sai de manhã em edição nacional, complementada com uma edição local que sai cerca das três da tarde. O Aftenposten apresenta algumas vagas semelhanças com o Expresso, em matéria de quantidade papel, a ponto de um conhecido meu o considerar um óptimo jornal pois garante combustível suficiente para a lareira nos meses de inverno. Apesar de eu não ter lareira, é o jornal que eu costumava assinar, pela quantidade de leitura que me proporcionava. O Aftenposten inclina-se ligeiramente para a direita politicamente, embora sem atingir os extremos do Incoerente.
Outro jornal famoso é o Dagsavisen, O Jornal do Dia, que sai todos os dias; é o sucessor do Arbeiderbladet, o jornal oficial do Partido Trabalhista, e como seria de suspeitar, inclina-se ligeiramente para a esquerda.
Um jornal que se inclina seriamente para a esquerda, como o próprio nome dá a entender, é o A Luta de Classes, mais conhecido como Klassekampen.
Uma imprensa nacional não estaria completa sem os jornais sencionalistas, que no caso norueguês são o Verdens Gang (O Andar do Mundo) e o já referido Dagbladet, que publicam a quantidade normal de notícias irrelevantes mas que vendem papel, normalmente sobre pessoas que tem algumas relação com um senhor que mora numa bela casa na Rua Karl Johan, e que é rei ou coisa parecida.
Outras cidades também têm os seus jornais locais, com uma grande tendencia para o paroquial e o que os franceses chamam la rubrique des chiens écrasés (a rubrica dos cães atropelados)- ou seja, uma guerra mundial só é notícia se envolver alguém da terra (alegada notícia de um jornal de Aberdeen quando o Titanic se afundou: "Homem de Aberdeen afogado"). Exemplos são o Adresseavisen, da simpática cidade de Trondheim, e o Bergens Tidende, de Bergen - e o meu preferido, o Sognavis.

A resposta nacional à londrina Fleet Street é a Akergata, onde se encontravam as sedes de três jornais nacionais (o Aftenposten- que entretanto mudou de pouso-, o Dagbladet e o VG), e mesmo ao lado do local de trabalho do Primeiro Ministro, na Praça Johan Nygaardsvold.

Segundo o Dagbladet de ontem, uma comuna (leia-se município) fronteiriça sueca vai oferecer transporte gratuito a todos os osloetas que o desejem no próximo sábado até ao centro comercial a estrear de fresco, onde poderão gastar as suas mocas durante algumas horas antes de regressar à terra com os sacos cheios e os bolsos vazios.

E o que compram os noruegueses na Suécia, perguntais vós? Acima de tudo, comida com um razoável desconto. Basta passar a ponte de Svinesund para se encontrar supermercados (que publicam regularmente anúncios na imprensa norueguesa) onde um quilo de carne pode custar metade do preço, e onde a clientela é esmagadoramente norueguesa.

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segunda-feira, novembro 03, 2003

Ainda mais um comentário: as cidades de Kristiansand e Kristiansund representam um desafio para o não-norueguês médio, que tem uma desagradável tendência para as confundir.

Por exemplo, há uns anos, um divisão de para-quedistas italianos que vinha participar nuns exercícios militares teve exactamente esse problema, tendo surpreendido muita gente em Kristianstad quando lá desembarcaram. Kristianstad, para quem não saiba, é na Suécia.

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Em conversa com um amigo em Portugal (está descansado, Miguel, não revelo quêm) fui interrogado sobre a existências de leprechauns e nibelungos nestas terras gélidas. Mas como os leprechauns serem irlandeses e os nibelungos alemães, pergunta-me ele, qual será o equivalente norueguês.

Bom, são os trolls. Quem, como eu, percorre a usenet (os grupos de discussão), conhece os trolls como seres estranhos que aparecem dizendo as coisas mais absurdas (por exemplo, defendendo políticos alemães de bigode, ou presidentes de clubes de futebol carecas), na esperança de provocar discussão e discórdia. Mas os trolls são também verdadeiros seres mitológicos nórdicos, vendidos a preços pouco módicos em inúmeras lojas turistícas.

Um sítio onde esses trolls em material lavável podem ser encontrados é naturalmente a lojeca que deve existir no topo do Trollstigen.

Uma visita ao Sogn
[Et besøk i Sogn]

A viagem até à Noruega profundo, por montes e vales até à simpática região de Sogn, merece pelo menos um comentário: até na Noruega profunda se encontram portugueses. Na realidade, encontrei a guarda avançada de uma qualquer empresa de construção (e eles que me desculpem, mas esqueci-me do nome), que me garantem que proximamente o lugar será enxameado de portugueses ocupados na construção de uma barragem.

Øvre Årdal fica no fundo de um vale, e é dominada por uma única empresa: a Hydro Aluminium - onde aparentemente toda a gente na localidade trabalha.

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Campeonato 2003
[Eliteserien 2003]

De regresso a Oslo, não resisto a alguns comentários sobre futebol.
O campeonato nacional terminou com a totalmente inesperada décima-segunda vitória consecutiva do Rosenborg, com um avanço de apenas 14 pontos sobre o segundo classificado, o Bodø-Glimt (haverá mais um confronto na final da taça entre os dois clubes).
A jornada final teve momentos dramáticos, quando um golo três minutos depois do tempo regulamentar garantiu a permanência do Tromsø, provavelmente a equipa mais setentrional a disputar alguma primeira divisão no planeta, simultaneamente assegurando que os incompetentes do Vålerenga tivessem que disputir o play-off com o terceiro classificado da primeira divisão (que recordo, é na realidade a segunda), que será o Sondefjord.

Numa nota extra, no passado sábado a NRK estava a transmitir em directo o emocionante jogo entre o West Bromwich e o Sunderland - da segunda divisão inglesa.

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sábado, novembro 01, 2003

Estou aqui a escrever em directo de Øvre Årdal, pelo que podem ter chegado à conclusão de que os travões do autocarro estavam a funcionar.